Com a Operação Pulso Firme, 27 presos de alta periculosidade foram transferidos para unidades penitenciárias federais O dia 28 de julho de 2017 entrará para a história do Rio Grande do Sul como a data em que a Secretaria da Segurança Pública desencadeou a maior operação integrada já realizada em solo gaúcho. Mais de três mil homens, de 20 instituições, foram mobilizados para a execução da Operação Pulso Firme, que culminou com a transferência de 27 presos de alta periculosidade para as unidades penitenciárias federais de Campo Grande (MS), Porto Velho (RO) e Mossoró (RN). Para o governador José Ivo Sartori, a integração promovida é o início de um novo momento que beneficiará em muito a sociedade rio-grandense. “Esse é o Estado que a sociedade quer: um Estado a serviço das pessoas. Estamos presenciando o começo de um esforço que deve ser contínuo, permanente. Como governador, mas principalmente como cidadão, minha palavra é de apoio, incentivo e gratidão.”
Os trabalhos começaram há cinco meses, sob a coordenação do secretário Cezar Schirmer. Os presos transferidos representam as principais lideranças do crime organizado no Rio Grande do Sul. Somadas, suas penas ultrapassam 1.200 anos de reclusão. “Um marco histórico que ilustra a capacidade técnica de todos os envolvidos. A Operação Pulso Firme comprova que a integração é caminho para atingirmos os nossos objetivos”, destacou Schirmer. O secretário salientou, também, a importância da participação do Poder Judiciário e do Ministério Público para a iniciativa. “Tivemos a compreensão e o apoio das instituições, em nível estadual e federal. Isso foi imprescindível para que pudéssemos dar andamento ao nosso planejamento", explicou.
“O que acontece hoje não é apenas mais uma operação, mas um duro golpe no crime organizado. Nada disso poderia ser feito se não houvesse a cooperação de todos”, enfatizou o procurador-geral de Justiça, Fabiano Dallazen.
Os apenados foram selecionados em um trabalho conjunto da SSP e de setores de inteligência dos órgãos de segurança estaduais e federais. O critério estabelecido foi a posição na organização a qual pertencem, somada à capacidade de influência e de comando que possuem dentro e fora do sistema penitenciário. Com base nessa metodologia, a SSP visa a desarticular a cadeia de comando, eliminando a comunicação - que determina ações diversas, como a gestão do tráfico de drogas e a execução de integrantes de grupos rivais. Possíveis mudanças na hierarquia das facções estão sendo monitoradas. “Esta ação não se encerra hoje. O número de indivíduos a serem transferidos não foi fixado. Existem outros nomes que, embora não tenham sido encaminhados ao sistema prisional federal, em um futuro próximo poderão ter o mesmo destino”, afirmou o secretário.
A preparação para o chamado “Dia D” foi dividida em fases. A primeira consistiu na vinda de brigadianos do interior para a capital, combinada com operações da Polícia Civil e o reforço dos agentes da Força Nacional de Segurança Pública. A segunda fase teve início com o lançamento do Sistema de Segurança Integrada com os Municípios (SIM/RS), que potencializa ações de inteligência e capacitação e otimiza sistemas de videomonitoramento e cercamento eletrônico. A terceira fase da Operação Pulso Firme foi iniciada com a formatura dos novos servidores da Segurança Pública e o subsequente reforço dos mais de 1,5 mil policiais civis, militares e bombeiros. Essa organização consolidou as bases necessárias para o desencadeamento da quarta e atual fase, que consiste na desarticulação das lideranças das facções através de uma série de operações simultâneas.
Mais de três mil homens, de 20 instituições, foram mobilizados para a Operação Pulso Firme - Foto - Rodrigo Ziebell SSP/RS
Estrutura da operação Em 20 de julho, foi instalado o Gabinete de Gestão, considerado o centro nervoso da operação. A estrutura é composta por representantes de todas as instituições envolvidas e opera no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) da SSP. Nele, as ações são acompanhadas em tempo real e os possíveis desdobramentos monitorados pela área de inteligência, possibilitando a tomada de decisão com mais agilidade e maior eficácia. A Penitenciária de Segurança Máxima de Charqueadas (Pasc) e a Penitenciária Modulada Estadual de Charqueadas (PMEC) foram definidas como bases para recebimento de presos oriundos de outras unidades prisionais, entre elas, a Cadeia Pública de Porto Alegre (CPPA) - cuja extração dos detentos foi efetuada pela Brigada Militar e Susepe na quinta-feira (27). De lá, eles partiram em comboio, na manhã desta sexta-feira (28), para a Base Aérea de Canoas. O comboio recebeu suporte de diversas instituições. Policiais civis e militares, integrantes do Grupo de Ações Especiais da Susepe (Gaes) e do Corpo de Bombeiros Militar, garantiram a segurança durante todo o trajeto. O transporte dos presos foi monitorado direto do CICC, por meio de imagens transmitidas pela internet, captadas por câmeras instaladas em viaturas. Em Canoas, os presos passaram por exames médicos realizados pelo Instituto-Geral de Perícias. Após o procedimento, a custódia foi então repassada a agentes do Departamento Penitenciário Nacional, que utilizou um avião da Força Aérea Brasileira para conduzir os detentos às unidades federais de destino.
Em paralelo, a Brigada Militar efetua barreiras e operações de saturação de área em todas as regiões do estado. Os trabalhos ganharam, a partir desta sexta-feira, o apoio do Exército Brasileiro e da Força Nacional de Segurança Pública, de forma a garantir a segurança e a normalidade nas comunidades. Em Porto Alegre, ainda há o apoio da Guarda Municipal e da EPTC. A Polícia Civil, por sua vez, deflagra uma série de operações visando a cumprir 181 ordens judiciais entre mandados de prisão, de condução coercitiva e de busca e apreensão. As ações ocorrem em diversos municípios e objetivam desestruturar grupos criminosos especializados em delitos, como crimes contra o patrimônio, tráfico de drogas, homicídios e lavagem de dinheiro. Cessar o acesso das quadrilhas ao seu capital financeiro é considerado vital pela corporação. Para tanto, são executados bloqueios de contas bancárias e sequestro de bens móveis e imóveis e outros procedimentos específicos em investigações desse tipo de infração. Integração como diferencial
Além da SSP, participam da operação Brigada Militar, Polícia Civil, Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), INSTITUTO-GERAL DE PERÍCIAS (IGP), Corpo de Bombeiros Militar, Ministério da Justiça e Segurança Pública (Departamento Penitenciário Nacional, Secretaria Nacional de Segurança Pública, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Força Nacional de Segurança Pública), Ministério da Defesa (Força Aérea Brasileira e Exército Brasileiro), Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (Agência Brasileira de Inteligência), Justiça Federal, Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Ministério Público do Rio Grande do Sul e Prefeitura Municipal de Porto Alegre (Secretaria Municipal de Segurança, Empresa Pública de Transporte e Circulação e Guarda Municipal). O secretário Cezar Schirmer destacou a necessidade de que a sociedade compreenda os esforços que estão sendo feitos. “Contamos com o apoio da população gaúcha. Estamos unidos, mais do que nunca, norteados pela missão de devolver aos gaúchos a qualidade de vida que sempre fez de nosso Estado uma referência”, concluiu. Texto: Claiton Silva/Ascom SSP Edição: Sílvia Lago/Secom Apoio operacional: Norberto Peres/Ascom IGP/RS |